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domingo, 23 de abril de 2017

Problemas da Criação #29


  

O que esta havendo com a casa de idéias?
E umas dicas pretenciosas para publicar universos de super-heróis

Há quase um mês, houve uma reunião surpresa entre os diretores do alto escalão da editora Marvel e os principais lojistas de quadrinhos dos EUA (e um do Canadá) para discutirem sobre como atrair mais leitores e as causas da quedas de vendas dos gibis da editora (Que estão perdendo terreno para a concorrente DC comics).
 
  Sabem, eu gosto desse tipo de situação. Sentar e colocar as “cartas na mesa” diante de um problema, falarem abertamente o que esta acontecendo de fato, segundo a opinião de quem esta debatendo.
   
    Esta faltando muito disso hoje em dia.

    No entanto a reunião era mais “corporativa”, só que revelou os problemas das grandes editoras diante do êxodo de leitores nos últimos anos e como a interferência corporativa em querer resgatá-los tem o efeito contrário.

    Mas por que este assunto me interessa?
    Afinal eu sou um ARTISTA INDEPENDENTE, autor de Debiloid’s cujo último trabalho até a presente data (23/04/17) é Debiloid’s Terror e ainda este ano teremos um novo título...
    Bem, jabás a parte, vou esclarecer o porquê este assunto me interessa.

    Primeiro, apesar de tudo, eu leio e curto histórias destes personagens e sempre que possível acompanho o que acontece em suas histórias embora em sua maioria não seja tão atrativa, tanto que só tenho me atraído por encadernados com personagens e arcos de história específicos. E qualquer fato sobre alguma mudança, editorial ou do universo dos personagens é do meu interesse.
    Segundo, apesar de fazer quadrinho de forma independente a das grandes editoras, isso de certa forma nos atinge, pois as pessoas estão lendo menos quadrinhos em geral e ponto. Disputamos com outras mídias que além da TV e cinema, temos a INTERNET.
   Sim, há maneiras de usar esta mídia a nosso favor como o portal Social Comics, usar financiamento coletivo o Cartase, Apóia-se e outros, ou criar um site ou blog próprio como este ao qual você esta lendo. Se você tiver pelo menos umas quinhentas pessoas que lêem assiduamente o que você produz já é um lucro.
   Mas é difícil disputar o tempo de entretenimento de uma pessoa com tanta cultura visual como o YouTube por exemplo e olha que nem citei literatura e Games...

   Voltando ao assunto Marvel, nesta reunião os lojistas expuseram algumas causas das baixas vendas de quadrinhos.   
   Esses tópicos eu peguei de uma matéria do site Terra Zero, escrita por PEDRO KOBIELSKI ao qual originou este texto.

  A descaracterização dos personagens e o excesso de legado eu acho que esse não é o real problema, legado não é ruim, passar o manto para outro herói mais jovem um dos melhores foi a da atual Miss Marvel, outrora era a Carol Denvers e hoje é a jovem mulçumana Kamala Khan e a Carol assumiu o manto do há muito falecido Capitão Marvel, se tornando a “Capitã” (em inglês o nome não muda). Foi uma excelente jogada. E diversidade dos novos heróis cria mais identificação entre os leitores de etnias e gêneros diversos.


  Mas isso tem que ser bem feito, principalmente com personagens icônicos como o Homem de Ferro, toda uma trama deve ser construída e o substituto deve ser bem introduzido ao universo do herói ao qual tenha a devida afinidade e identificação necessária. Não simplesmente jogá-lo no lugar do outro.
  Porém, uma coisa que me inquieta é a mudança constante do personagem, vide o Capitão America que morreu, voltou, ficou velho, voltou, virou vilão e por aí vai. É um habito um pouco irritante, não só da Marvel, que eles não mantém o personagem num só estado por muito tempo o que dificulta o retorno de antigos leitores e a manutenção deles.

   Deixem o cara quieto, por favor!


 Já o excesso de eventos e reboots, esse sim é um problema. No início os grandes eventos eram para juntar heróis e arrumar a cronologia. Era legal ver a interação entre os heróis contra um inimigo ou problema comum, mas começou a perder o controle quando viram que isso aumentava as vendas.



 Então virou sagas em cima de sagas e edições interligadas, os famosos “time ins” que interferiam nos títulos solos de alguns personagens (boa parte não tinha nem envolvimento na trama principal) e isso confundia mais o leitor e até obrigava a comprar outros títulos que não eram do seu interesse. Fora que muitas dessas sagas não levavam em nada a continuidade em geral ou alteravam demais o status de alguns desses personagens  

Sem falar que o movimento da “máquina editorial” dificulta o gerenciamento de talentos e artistas acham cada vez mais vantajosos criar seus próprios projetos autorais do que trabalhar para uma grande editora cuja intromissão corporativa interfere na fluidez da trama e os prazos muito curtos desgastam os artistas.

Estratégias editoriais de lançar encadernados com preços convidativos é uma faca de dois gumes. Por um lado é uma maneira viável ao leitor ter a história completa em mãos, mas isso “mata” o ganha pão de uma grande editora: Os gibis mensais. Mas estes são os que mais sofrem com os fatores citados acima, culminando em queda de vendas. Não acho que séries mensais limitadas (que vão a determinada numeração) sejam ruins.

Se me permitem dizer, sempre quis falar sobre como uma grande editora de universo de heróis deve produzir seu material. Acho que devem abraçar novos meios de publicação. As mensais em especial devem ser diminuídas, acho que elas serviriam melhor para personagens em grupos onde pode se desdobrar a trama para mais de um protagonista e trabalhar mais em arcos históricos, assim não cansa o leitor e pode haver mudanças temporárias de equipes criativas.
Mini-séries mensais, one-shots e graphic novels são outras formas que eu defendo.
E acabem com os time ins.
Os artistas têm que ser valorizados, pois são eles que constroem grande parte deste universo imaginário acho que deve rever prazos razoáveis, ter maior liberdade criativa (nem tanto, pois pode criar um excesso criativo descabido e já falei disso antes) e oferecer um selo ao qual o artista pode fazer suas histórias autorais, tipo Vertigo ou antigo selo Epic da Marvel o que pode atrair autores experientes e de prestígio. Embora em termos de vendas não seja uma maravilha é um investimento válido para manter bons artistas nas editoras.  

O mais importante de tudo: FAZER BOAS HISTÓRIAS.
Mas isso é muito relativo, pode ser bom para uns, ruim para outros e uma obra de arte para alguns... Pessoas são complicadas.

Por fim, essas editoras que se danem!
O mais importante é meu material! Vou vender muito Debiloid’s e acho que deveria ter uma periodicidade maior, quem sabe todo mês. Mas para isso preciso de mais desenhistas e roteiristas e vender mais gibis para pagar eles. Quem sabe venda direitos a estúdios de cinema e TV, poderia fazer mais gibis e sagas com os meus personagens envolvendo todos os títulos e aí... Hã... Epa!





quinta-feira, 4 de junho de 2015

Problemas da criação #28



O fim das heroínas sexy nas HQs (?)
Por Rogério DeSouza


  Nos quadrinhos de super-heróis a indústria carecia muito do público feminino que mesmo que tivessem muitas heroínas, elas não se sentiam representadas neste seguimento.

  Parte da culpa se deve a visão machista do meio corporativista, muitas vezes eram retratadas como donzelas a serem salvas ou mero objetos de sedução.
   Com o tempo, os quadrinhos vem atingindo as demais mídias e como conseqüência houve um aumento de público atingindo também o público feminino.


    A soma das leitoras de quadrinhos ao universo super-heróico é muito bem vinda, caracterizando uma diversidade maior de leitores em um mundo considerado masculino.

    No entanto, tal condição requer mudanças.


    Para as leitoras se sentirem representadas nas histórias de super heroínas as personagens tem que ter as condições físicas e sociais condizentes a seu público tirando muitos estereótipos, inclusive o que se refere à vestimenta das supra- citadas.

     Ou seja, nada de maiôs com desenhos impossíveis, decote ousado, roupa extremamente colada ao corpo ou qualquer tipo de vestimenta considerada vulgar. As heroínas podem ter corpo sensual, mas isto em hipótese alguma deve ser demonstrado explicitamente no gibi, principalmente na capa.


      Estas são condições necessárias para que nossas amigas leitoras e artistas não se sintam ofendidas e desprezadas nas histórias de super-heróis.

       Em minha opinião, elas estão certas.
       Se sentem ofendidas com a posição imprópria de uma personagem fictícia, tem que reclamar mesmo. Afinal, nós homens nos sentiríamos ofendidos se tivesse uma capa com o Superman sem camisa ou Homem-Aranha ou Conan... Opa! De qualquer forma defendo a posição delas, desculpem se pareci leviano.

       MAS... Isto não soa um pouco repreensivo demais? Será que o público masculino não tem o direito de ver sua heroína favorita sensual? Será que o artista não pode expor a beleza do corpo de uma mulher em seus traços?

        E se fizessem histórias de heróis homens desenhados de maneira sensual para o público feminino? Elas estariam mais condescendentes a visão masculina já que por muito tempo muitos heróis usam colantes e alguns apenas uma sunga?    


       Embora eu ache que as leitoras tenham o direito de reclamar, não acho certo denegrirem a artistas por retratar personagens sexys nas revistas em quadrinhos causando mudanças em sua maioria desnecessárias nas capas de algumas revistas. Parece que há um excesso de protecionismo que está tornando esse direito legítimo numa coisa maçante e qualquer contra argumento taxaria o mesmo de machista.

       
E o pior que há machistas que criticam o espaço que as heroínas vem ganhando, isto eu posso achar um verdadeiro absurdo.

       Se for este o caso, proponho algo radical:

       Uma total separação dos gêneros. Ou seja, gibis feitos para meninas e gibis feitos para meninos, como fazem no Japão. Se houver heroínas sensualizadas coloque na capa “sob contexto sexual fictício, voltado para o público masculino” e pronto. 

        Ou algo muito mais radical.
  
         Proibindo qualquer heroína de ser apresentada forma vulgarizada e desproporcionalmente inadequada ao normal físico feminino.
         Ou seja, nada de personagens como a Poderosa mostrando decote ousado, nada de Red Sonja ou Shanna usando biquínis, as personagens tem que usar armaduras e forma física moderada, adolescentes tem que parecer adolescentes e nada de seios e quadris desproporcionais.



     Acha um exagero isto? Realmente. Mas a situação esta caminhando para um cenário semelhante.

     Antes de qualquer coisa, sempre defendi que super-heroínas tenham maior destaque nas histórias, sensuais ou não. Que sejam líderes de grupo, que lutem pau a pau contra todos os tipos de inimigos e que salvem o universo sozinhas. Elas têm que ter seu espaço e as leitoras tem que aproveitar.



    É meus amigos homens. Acabou. Não iremos mais ver as heroínas como a víamos antes. Se quisermos que o mercado de quadrinhos abra espaço para leitoras, temos que abrir mãos das Vampirellas e Nielles da vida.


     Se tiverem saudades dos bons tempos, guardem suas revistas antigas ou peçam para um artista fazer uma arte comissionada de sua heroína favorita.

     Você, assim como eu, pode até achar que o mundo esta ficando cada vez mais chato.

     Mas elas estão certas.  

   
      

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Problemas da criação #27


Como agradar?
Por Rogério DeSouza


Quando eu era criança, adorava seriados de heróis japoneses como Ultraman e Spectreman. Na época mal notava o zíper da fantasia daquele monstro ou os fios quase invisíveis que levavam aquelas naves de brinquedo. Coisas que agora noto principalmente em produções mais atuais cuja tecnologia de efeitos evoluiu bastante.
Durante nosso crescimento, desenvolvemos uma visão diferente das coisas ou em outras palavras um senso crítico. Coisas que Ultraman e Spectreman devem enfrentar hoje em dia e você criador também.
Com a proliferação da internet a coisa só se ampliou e todos se tornaram formadores de opinião em potencial e julgam tudo que assistem ou consomem.
Se as pessoas falam mal da qualidade do papel de uma revista impressa por uma grande editora, imagine por uma revista impressa na pequena gráfica perto da sua casa. É necessária uma compensação muito grande para ser aceito por tal público.

Afinal, tudo tem que ser perfeito, impecável?

No que noto ultimamente, se não for acabara sendo, pois o senso crítico das pessoas tem se elevado muito nos últimos anos, estamos ficando mais espertos analíticos e arrogantes.
A conseqüência é que temos que correr atrás, já que detectam falhas de quadrinhos e filmes de grandes nomes, vão detectar suas limitações artísticas feitas de forma independente.
Em minha opinião a posição do crítico é confortável, pois se vale de nossa sagrada liberdade de expressão. Tal liberdade leva algumas pessoas à serem grosseiras, o que pode parecer engraçado em alguns aspectos se for levado na esportiva, mas prejudicial em outro, fomentando o ódio inconsciente a determinada pessoa que apenas faz seu trabalho.
Havia um sujeito que criticava todo mundo de maneira ferrenha, ele tipo “descia a lenha” “sem papas na língua”, ofendia sem critérios e tinha até seguidores.
Eu perguntava a amigos o que esta pessoa gostava?
O que ele fazia de sua vida?

Existem esses tipos ainda, com maior ou menor intensidade, alguns nós gostamos e outros nem tanto.
Muitos os conhecem como trolls, termo tirado de um monstro mitológico e truculento ou haters palavra referente a ódio.
Uma parcela destes formadores de opinião nos fazem sentir mal por termos um gosto diferente do dele e até indiretamente somos acusados de fomentar a ignorância pelas nossas preferências e por nosso trabalho.

Afinal “o critico sempre tem bom gosto” e usa isso para julgar o trabalho alheio.

No entanto, você deve separar do bom crítico do mau crítico. Ou seja, aquele que salienta tanto os pontos negativos como os positivos que analisa com o intuito de guiar a pessoa e não apenas fazer pouco dela, achando que com isso a tornaria uma pessoa melhor. O mau crítico salienta apenas um lado da moeda mesmo dizendo algo de bom para disfarçar, tipo “Você é bonita, mas é uma mula”.
Por outro lado não podemos passar a mão na cabeça, quando a coisa está visivelmente errada. Então desconfie dos críticos bajuladores (geralmente sua mãe ou amigos) que dizem coisas do tipo “você é bonita e perfeita”. Isso prejudica em muito sua evolução artística.

Mas qual critica você deve ouvir?

Acho que educadores são aqueles que melhor se encaixam nesse quesito. Aqueles que dizem o que está errado dão sugestão e lhe mostram o caminho que deve ser seguido para melhorar, pessoas dizem coisas como “você é bonita, mas precisa estudar um pouco mais”.
Para lidar com o público com um senso critico bem apurado (ou do tamanho do Godzilla) você deve ter um pouco de humildade e reconhecer suas limitações. Nunca responda agressivamente quem é agressivo com você, sei que ninguém tem sangue de barata, portanto se não tiver nada melhor para dizer, o silêncio é a melhor resposta (isto também vale quando falam de coisas que você gosta). Outra boa resposta que você deve dar é no seu próprio trabalho, mostre que você sabe o que esta fazendo.
E não alimente os trolls.
Particularmente quando avalio um trabalho alheio vejo os dois lados da moeda, só que não me sinto muito confortável com isso exatamente por ser criador de histórias. Creio que já fiz algum comentário jocoso deixando escapar um pouco de arrogância de minha parte e sinto por isso.
Se não gosto muito de uma coisa nunca falo dela e se uma coisa que gosto tem alguma falha eu avalio e digo como eu faria. Não sou do tipo que diz que “isto é uma merda”. Por este motivo criei a coluna “Problemas da criação”.

Daí vem a questão do texto: Como agradar?

Eu digo que não há como agradar. Algumas pessoas podem até gostar de inicio, mas basta você mudar o seu estilo ou atitude que de repente boa parte delas deixa de gostar. É assim que funciona.
Então o jeito é baixar a cabeça e ir trabalhando e evoluindo os admiradores virão no meio de muitas opiniões e não se preocupe, são apenas isso, opiniões.



Eu ainda gosto de ver Ultraman e Spectreman, mesmo com suas limitações.


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Problemas da criação #26


Anti – protagonismo
Por Rogério DeSouza

No começo, quando queremos fazer uma história em quadrinhos geralmente pensamos em criar um personagem e o mundo ao seu redor. Ele se torna seu símbolo ou uma marca registrada seja de maneira comercial ou autoral.

Mas histórias em quadrinhos podem viver sem personagens?

É claro que sim. Para contar uma história não é necessário ter um protagonista de destaque ou que se sobreponha a tudo que acontece na narrativa.

Tenho notado que muitos artistas tem se encaminhado e pregado nesta forma de pensamento e procurei dar o nome de “anti - protagonismo” (Se houver outro nome para isto me avisem!). Ou seja, valorizar mais a história do que aos personagens.

Segundo vi numa palestra do Gabriel Ba no último Multiverso Comic Con, uma história não precisa de um personagem título para se sustentar, principalmente se você esta começando, tirar um pouco do pensamento de que criando um personagem legal você terá um retorno, tanto de público quanto financeiro, a realidade é muito dura e muito poucos conseguem este objetivo. Se preocupe apenas em fazer a história onde pode haver um protagonista desde que você o torne-o descartável em prol da história.

Um exemplo literário sobre isso é a série de livros “Game of Thrones” ou “Guerra dos Tronos” aqui no Brasil, embora tenham bons e carismáticos personagens eles estão à mercê dos acontecimentos da trama.

Há muito receio de artistas ficarem presos as suas criações, que claro, sempre há aqueles que conseguem conviver com elas.

Will Eisner, criador do Spirit por muito tentou se livrar das amarras de sua criação querendo fazer suas próprias histórias. A solução que ele encontrou foi suprimir a presença do personagem o deixando quase como um figurante nas histórias que ele queria contar, até que finalmente pode por em prática seu trabalho autoral.


O artista brasileiro, Laerte também deixou de lado seus muitos personagens e resolveu fazer tiras de modo original.

Realmente com o tempo uma boa parcela de artistas tenta se desvincular de suas criações para fazer histórias diferenciadas das que costuma fazer sem intenção de comercializar ou popularizar suas histórias. É uma excelente forma para alguém que não tem uma idéia certa do que criar para sua história ou que não queira se apegar a um gênero criativo.

E para quem cria uma demasiada quantidade de personagens como eu, não estou sendo hipócrita, apenas defendo este seguimento como UMA das formas de se criar histórias. Com ou sem personagem título, se a história for boa não faz nenhuma diferença.

Eu faço histórias com personagens, pois este é o modo que escolhi para contar minhas histórias, sejam elas de cunho comercial ou intimista, pouco importa, estou acostumado e posso conviver com isto.

Portanto você tem total liberdade para seguir o caminho que quiser, mas tente ser um pouco despretensioso em seus projetos, pois há uma grande possibilidade que ele não vingue logo de cara.

Mesmo tendo um personagem título você pode fazer outras histórias sem protagonista; basta apenas ter o controle do que você faz sem ter obrigação de fazer histórias com o mesmo personagem.

O “anti protagonismo” nos ensina a dar mais destaque ao fato que esta acontecendo na trama e ao mundo a volta do personagem que sofre de acordo com o que é imposto na história em si, para transmitir a mensagem para o leitor.

Se você quer fazer suas histórias com personagem título, não se recrimine por sua opção, veja exemplos que citei em “Problemas da criação 16- Ação executiva” e vai fundo.

Tudo é questão de contar uma história, não importa como.


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Problemas da Criação #25

Vamos falar de “Homem de aço”. 
 Por Rogério DeSouza 

 Passado mais de um mês da estréia do filme aqui no país, resolvi colocar meu ponto de vista, desculpem qualquer coisa é apenas um desabafo.
 Vou partir do inicio. Antes de ver a película, vi dois trailers antes e estes me deixaram bastante empolgado, ai até Motoqueiro Fantasma era empolgante, mas... Tentei evitar ver imagens, novos trailers e spots de TV e contive a expectativa. O problema é que o filme foi lançado nos EUA praticamente um mês antes que aqui no Brasil, como conseqüência disso o filme vazou na internet e muitas pessoas começaram a dar a sua impressão do filme. Independente do que as pessoas falassem do filme eu iria ver de qualquer maneira mesmo, no entanto já estava com uma visão antecipada do filme devido aos comentários alheios. 

  Alerta de spoilers: Se você não viu o filme ainda, não sei como, pare por aqui. Se você não se importa em estragar surpresas continue, mas não diga depois que não avisei.


 Bem, isto aqui não será uma resenha do filme ou uma crítica e já adianto que gostei do filme. Mas o que vou falar é a atitude do herói na trama. No confronto final contra o vilão Zod, um sujeito equivalente em poderes do Superman (que era timidamente chamado assim no filme), acabou que o homem de aço teve que matá-lo para acabar com a destruição generalizada que ambos estavam fazendo na cidade, lembrando que os dois são quase deuses e conseqüência disso seria óbvia. Muitos fãs e formadores de opinião não gostaram deste desfecho dizendo que o Superman nunca faria algo do gênero e até acusam o personagem de desencadear grande destruição em Metrópolis sendo que a máquina do vilão para tornar a atmosfera da Terra semelhante ao planeta Kripton já tinha feito bastante estrago antecipadamente. Sinceramente ao sair do cinema após ter ouvido estes comentários antecipados, me deixou um pouco irritado

 Vamos ao primeiro fato: a ação.
Admito que o roteiro não é perfeito, mas o que exatamente reclamávamos daquele filme chamado Superman Returns? A falta de um adversário fisicamente a altura do primeiro super-herói ao invés de uma ilha de Kriptonita ou um avião caindo. Queríamos ver algo como em Superman 2 (com Christopher Reeve) com os efeitos especiais de hoje em dia, não era isto que queríamos? Coisas que acontecem nos quadrinhos? E foi isto que nos deram. Que filme será que esperavam ver, eu não sei.

Outro fato: “Assassinato” do general Zod.
O momento que muitos fãs ficaram indignados, o momento que maculou o mito do grande herói. Foi uma atitude fria? Foi uma atitude vingativa? Foi uma atitude tola?
Primeiro, se eu não me engano, o herói tentava segurar o vilão (tão forte quanto ele e experiente em combate) para impedir que machucasse as pessoas, pois até aquela altura seus planos foram frustrados e seus seguidores foram parar na zona fantasma e ele ficou para trás e sem meios de fazê-lo se juntar aos outros o que ocasionou o confronto com o herói. Na cena em questão o Superman implorou para que o Zod parasse e na ocasião ele iria matar um grupo de pessoas com sua visão de calor e o homem de aço teve que matá-lo, pois como o próprio Zod falou, ele não ia parar. Mesmo que o levasse ao espaço ou um deserto a situação não iria ser remediada de outra maneira e a destruição prosseguiria e a situação retornaria. Se não estou enganado, legítima defesa de terceiros não é crime ou justifica-se. Sem falar que o próprio herói visivelmente não gostou de ter tomado tal atitude contra um compatriota. Uma saída covarde dos roteiristas? Pode até ser, mas parem para pensar um pouco e deixem de lado a birra com o diretor.
   Se este ato fosse a gênese do herói escoteiro que conhecemos? 
Ele está lá, sim. Ele se sacrificou para nos proteger, mais que a si mesmo, mas seus princípios para salvar pessoas de uma grande ameaça. Isso não era um ato vingativo ou de ódio, foi apenas uma fatalidade, um caminho ao qual se os roteiristas tiverem culhões, eles terão que explorar suas conseqüências na vida do personagem em sua primeira ação em público contra um oponente a altura.

A conseqüêcia de um ato imprudente criou um herói
mais autruísta. Evolução do personagem.

Ora, neste caso lembremos o Homem-Aranha que deixou um criminoso fugir por arrogância e pagou um alto preço por isso, se tornando o herói amigo da vizinhança que conhecemos?
Na minha concepção o anti-herói é o princípio para a criação do herói propriamente dito. Este Superman não é um “Justiceiro”, como muitos ficam taxando, tão qual um herói violento dos anos 90, a proposta é outra até onde passa ver. O herói de hoje em dia lida com vilões diferentes e não os bobalhões arrogantes de antigamente. Nós estamos acostumados com a velha dança: Herói prende vilão, ele se solta comete seus delitos e começa tudo de novo.

A velha dança entre Batman e Coringa num momento chave.


ESTOU COMPARANDO SIM. Até onde essa "dança" iria chegar?
 E quantas pessoas iriam morrer por causa disso? Uma escolha difícil a ser tomada.

Isto é o básico de toda a história de herói para todas as idades.

 Sim, o herói icônico (não Justiceiro, Wolverine etc...) não deve matar um vilão por matar. Mas devemos nos ater que não estamos na era de ouro, prata, bronze ou ferro.

Atualização: Me lembrei da repercução da morte
de Maxwell Lord que dominou o Superman fazendo
com que o herói quase matasse seus amigos e a heroina
tomou uma atitude extrema, que claro, teve conseqüências.
Estamos numa época em que os heróis têm que tomar decisões difíceis, muitas vezes indo contra seus ideais não só, como eu disse, pela sua sobrevivência, mas como a das demais pessoas.

Não sem haver conseqüências de suas ações sejam elas quais forem.

domingo, 21 de julho de 2013

Problemas da Criação #24


O fenômeno da história ruim. 
Por Rogério DeSouza 

  Num  momento eu pensei: “Como fazer boas histórias”, mas daí eu percebi que seria uma coisa difícil de fazer, pois não tenho a noção de que minhas histórias são o suficientemente boas, na minha perspectiva inicial sim, mas no geral não tenho idéia exata do que as pessoas acham do que faço, por isso não posso me dar o luxo, pelo menos em minha opinião, de dizer como fazer histórias boas. Mas vou num caminho contrário. Baseado em inúmeras resenhas, opiniões e meu próprio ponto de vista vou falar sobre histórias ruins e como elas acontecem ou não, tanto nos quadrinhos, cinema e outras mídias. 

 O primeiro quesito ao qual posso começar é a ambição, ou seja, cenas de impacto, visual dos personagens e ambientação, bons efeitos, investimento maciço... Apenas isso. Nenhuma história ou trama que ajude a nos envolver com os personagens, apenas quer vendê-los ao público usando o visual. Ha muitas situações em que se apropriam de uma marca/personagem já consagrada e usa sem se ater no que fazia aquilo bom. Isto é um dos principais problemas da indústria, tanto dos quadrinhos quanto do cinema.
Atrelado a isso vem o segundo quesito: Carência de criatividade. Quando fazemos histórias em escala industrial não temos muito tempo para pensar em novas idéias e tão pouco arriscar colocá-las no mercado, pois o retorno tem que ser imediato. Há um abuso substancial nos clichês ou o pensamento equivocado de que a história possa se sustentar apenas neles caracterizando pouca inspiração.
Mesmo assim gostei dessa história.

O desleixo é uma causa comum, tanto na indústria, quanto no independente (no qual me incluo). É deixar todos esses erros acontecerem. Até comprometendo a parte visual da obra. Também uma falta de pesquisa mais aprofundada naquilo que quer fazer e falta de preparo ou instrução contribuem a pouca qualidade do material. Isto ocorre muito com iniciantes independentes que sem um mentor ou editor às vezes não percebem os erros que cometem. Já se for algo mais profissional, a culpa recai sobre a equipe criativa inteira, que muitas vezes acha que a fórmula do que quer que esteja fazendo irá sobrepor as falhas óbvias. E muitas pessoas envolvidas podem até atrapalhar o processo criativo.
Mesmo sem tecnica alguma já fazia histórias para públicá-las, hoje ainda cometo erros, mas isso deixaremos para ver depois.

E é ai que vamos a um termo que ouvi de meu colega Rodjer Goulart (Dragão Escarlate) que guardo na cabeça até então: Excesso de criatividade. É você colocar elementos na história sem a devida necessidade, coisas que não tem a mínima importância para a trama ou para o personagem. Inventar coisas completamente fora de contexto ou incoerentes melhor dizendo “viajar na maionese”, também vem da arrogância do autor.
Deixar a trama complexa demais não vai tornar sua história mais Inteligente e sim mais chata e até entediante. Está certo que não devemos subestimar a inteligência do espectador/leitor, mas temos que ter um equilíbrio correto entre entreter e passar alguma coisa ao público nas entrelinhas.

  Mas tem casos que você é agraciado com uma seqüência ou series de boas histórias, mas de repente ha desgaste de idéias, pensamentos e estilo e como resultado as pessoas começam a rejeitar suas tramas se opor as maneiras que você resolve situações ou até seu estilo de traço. O pior que sua persistência, às vezes complica a situação chegando a atingir toda sua carreira, sistematicamente.
Mas eis um dos fatores que nos foge completamente de nosso controle: A perspectiva. O que é bom para um é ruim para o outro e vice versa. Muitas vezes nos decepcionávamos quando mostramos nosso trabalho para alguém fora nossos pais e esta pessoa não achar aquilo tão bom quanto nossos parentes acharam. Se por um lado isto no inicio é bom para a evolução de nosso trabalho, por outro, quando a obra é mais abrangente e atinge o público ha aquela divergência de opiniões que independente da qualidade, complica a aceitação, pois sua renovação e expansão de público esta a mercê da opinião alheia e como sabemos parte do público muitas vezes segue a crítica especializada para ter uma noção no que vale a pena gastar seu dinheiro. Ou em outro caso seguem a “moda” ou o que esta bombando no momento totalmente apático a qualidade da obra por simplesmente não se importar com isso.
   Como exemplo eu posso dizer que gosto do primeiro filme dos Transformers, filme que muitos odeiam e não gostei do final de “Onde os fracos não têm vez” um bom filme que muitos adoram. Ou seja, relevei umas coisas e não engoli outras. E é o que o público faz de maneira imprevisível, o que torna difícil criar uma fórmula para uma história eficaz. Você pode criar uma história para um nicho, o que não é ruim, mas não vá esperando se sustentar apenas com isso se for restrito demais ou recriminar quem não o valoriza, são apenas opiniões divergentes da sua e de outros que admiram seu trabalho.

Deixo um pouco fora da discussão obras feitas para parecerem ser ruins ou gênero trash para ser exato.
Também existem histórias tão ruins e mal feitas que chegam a ser divertidas de ver, como um filme recente sobre um tornado de tubarões, vejam só...


Concluindo, é inevitável fazer uma história ruim ou com baixa qualidade ou até com qualidade, mas que ninguém goste, pois a história ruim simplesmente surge como um fenômeno pouco bem vindo no currículo artístico de criação que na maioria das vezes não damos conta ou ignoramos. Para mim o negócio é simplesmente baixar a cabeça e fazer alheio a tudo mantendo suas convicções e o equilíbrio de sua produção. O que acontecer depois já é outra história, seja ela boa ou ruim.